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Direitos que os pais têm esquecido de exercer na educação dos filhos

Direitos que os pais têm esquecido de exercer na educação dos filhos

Dez direitos que os pais têm esquecido de exercer na educação dos filhos, segundo a educadora Tania Zagury

 

1 Os pais não devem se omitir em dar broncas - sem medo de causar traumas e frustrações - quando o filho agir de forma que possa prejudicar as outras pessoas, os animais e o meio ambiente.

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2 Quando o diálogo não funcionar dentro de casa, não tem choro nem vela: cabe aos pais a palavra final sobre qualquer tema.

 

<>3 Os pais podem, sim, proibir a filha de usar aquela saia justíssima e salto alto, em nome da segurança e dignidade da moça. Podem também cortar as asas do filho que quer fazer tatuagens e piercings, ao perceber que ele faz isso com o uso indevido da mesada ou só para imitar os amigos.

 

4 Drogas: os pais têm o direito de questionar o filho, vigia-lo e até mesmo invadir sua intimidade se desconfiarem de envolvimento com elas.

 

5 Os pais não devem se intimidar com a prática de muitos jovens de transformar seu quarto em fortaleza indevassável. Sempre que tiverem um bom motivo - e mesmo que não sejam bem-vindos -, eles estão liberados para entrar.

 

6 Liberdade para fazer o que se quer da vida tem limite: os pais devem exigir que os filhos estudem e podem aplicar castigos como o corte de mesada e da internet se perceberem que eles não estão cumprindo seus deveres.

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7 Os pais podem - e devem - frear o apetite consumista dos filhos. Uma coisa é comprar um tênis ou uma jaqueta por necessidade; outra bem diferente é fazer exigências só por capricho.

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8 Ter conversas sérias sobre sexo é uma necessidade. Se o adolescente se negar, acusando os pais de "caretas", eles podem exigir que o jovem se sente e ouça o que têm a dizer. Os pais também não têm a obrigação de aceitar, só porque é moderno, que os filhos mantenham relações sexuais em casa.

 

9 Eles não são obrigados a proporcionar luxos como viagens ao exterior quando o filho passa de ano ou carro zero como prêmio por entrar na faculdade. Ao ir bem na escola, o adolescente está apenas cumprindo sua obrigação.

 

10 Os pais têm direito a um mínimo de vida pessoal. Pelo menos de vez em quando, não devem se privar de um jantar romântico ou um viagem sem a presença dos filhos. E também não devem se sujeitar à tirania da agenda dos adolescentes no fim de semana.<>

 

 A Tirania adolescente

 

Até poucas décadas atrás, os pais educavam seus filhos com base numa regra simples: cabia a eles exercer sua ascendência sobre a prole de maneira inquestionável, pois - como diziam os avós dos adultos de hoje - criança não tinha direito nem de querer.

Muita coisa mudou desde então. Com a revolução comportamental dos anos 60, a difusão dos métodos pedagógicos modernos e a popularização da psicologia, a liberdade passou a dar o tom nas relações entre pais e filhos. A tal ponto que hoje se vive o oposto da rigidez que pontificava antes disso: em muitos lares, os pais é que se sentem desorientados e os filhos, na ausência de quem estabeleça limites <>à sua conduta, assumiram o papel de tiranos. Trata-se de uma bomba-relógio que começa a ser gestada cedo, mas cujos efeitos se agudizam na adolescência. É nesse período que os pais se sentem mais confusos sobre seu papel. A questão se tornou tão séria que uma tendência que representa um certo refluxo na maneira de pensar a educação dos jovens vem ganhando cada vez mais força. "Chegamos a uma situação-limite. Está na hora de os pais recuperarem sua auto-estima e sua autoridade", diz a educadora carioca Tania Zagury, uma das mais conhecidas autoras da área. Em seu novo livro, Os direitos dos Pais (Record; 206 páginas; 25 reais), ela defende que práticas que andavam esquecidas na educação dos filhos sejam resgatadas, em nome do fururo do próprio jovem - e da sociedade.

 

Respeito é bom

  

Até meados dos anos 60, as regras dentro de casa eram impostas implacavelmente aos jovens. Hoje, é prática corrente estabelece-las de comum acordo entre pais e filhos. Antes, os pais davam broncas, punham os filhos de castigo e cortavam regalias porque era assim que as coisa funcionavam, e ponto final. Hoje, cada sanção precisa ser acompanhada de boas justificativas - e haja suor e lábia para dar 200 explicações. Um dos motivos disso é que os jovens atuais são muito bem informados. Outro dado é que eles nasceram num ambiente já bastante marcado pela educação liberal - seus  próprios pais gozaram de boa dose de liberdade quando adolescentes. Nessas condições, é natural que <>estabelecer limites de conduta se transforme numa tarefa difícil. O que Tania defende não é uma volta à educação rígida de antigamente, e sim a busca de um ponto de equilíbrio que se perdeu em algum momento entre o fim dos anos 70 e a atualidade.

É certo que as metodologias pedagógicas modernas - novidades surgidas nas primeiras décadas do século XX e que ganharam popularidade no Brasil sobretudo a partir dos anos 70 - representaram um avanço em relação ao passado. As idéias de teóricos como a médica italiana Maria Montessori e o psicólogo suíço Jean Piaget fizeram com que, nas escolas e, por tabela, no ambiente doméstico, se passasse a respeitar a individualidade do jovem e se enfatizasse sua liberdade. Nos últimos anos, com a confirmação dessas teorias educacionais à luz das descobertas da neurologia, os ensinamentos de Piaget, em particular, vêm sendo ainda mais valorizados. Sua metodologia, o construtivismo, preconiza que o aprendizado não é algo que se impõe de fora: é a própria criança quem constrói seu conhecimento. O problema que a vulgarização do construtivismo e de outras teorias do gênero deu margem a interpretações equivocadas. Formou-se um caldo de cultura, por assim dizer, em que flutuam fragmentos teóricos da psicologia moderna. Os pais utilizam esses fragmentos fora de seu contexto adequado e muitas vezes com exagero. "Houve uma leitura muito equivocada de certos avanços modernos", afirma o educador Celso Antunes, autor de quatro dezenas de livros sobre o assunto. À idéia de que a liberdade é a melhor resposta em todas as situações, somam-se culpas cultivadas pelos pais. Por trabalhar e passar pouco tempo com os filhos, é comum que um casal se torne permissivo com os desejos dos jovens para compensar essa ausência.

Às vezes não é o uso indevido da psicologia moderna nem a culpa que causam o estrago: é o desejo de fugir da tarefa difícil que é educar um adolescente. Alguns pais usam a falta de tempo com subterfúgio. Outra rota de fuga é aquilo que os educadores convencionaram chamar de "medicalização" da adolescência: ao menor sinal de que alguma coisa está fora dos eixos, os pais correm para um consultório, em vez de tomar eles próprios as rédeas da situação. É claro que existem situações que pedem o apoio de um médico. Do ponto de vista biológico, nenhuma época da vida (adolescência - 10 e 19 anos segundo a Organização Mundial da Saúde) é marcada por tantas mudanças.

 

 A omissão dos pais

 

As conseqüências da omissão dos pais na educação podem ser graves. Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 20% das garotas entre 13 e 19 anos já enfrentaram uma gravidez precoce. Por outro lado, uma pesquisa recente revelou que um em cada quatro estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública brasileira já experimentou algum tipo de droga, além do cigarro e das bebidas alcoólicas. Em apenas uma década, a idade do primeiro contato com esse tipo de substância caiu dos 14 para os 11 anos. Mesmo que não ocorram desastres, as conseqüências para o futuro podem ser sérias. Jovens educados de maneira negligente correm o risco de se tornar adultos infelizes e desajustados. A falta de limites faz com que muitas vezes essas pessoas se revelem inaptas para lidar com os reveses e frustrações naturais da vida. Elas têm dificuldades para se relacionar em ambientes marcados por hierarquias (como o trabalho) e, em muitos casos, não conseguem nem mesmo se emancipar - tanto do ponto de vista emocional quanto do financeiro. "Muitos pais acham que dar tudo de mão beijada para os filhos é uma maneira de faze-los felizes, o que não é verdade. Quando saem do ninho, esses jovens se sentem atraiçoados pela vida, pois não desenvolveram defesas para enfrentar o mundo", diz Tania. É certo que, com força de vontade, um adulto pode superar esses problemas. Mas uma boa educação na infância e adolescência o pouparia dessas dificuldades.

 

 Cuidado

 

 A título de se colocarem como "amigos" dos filhos, muitos pais acabam sendo cúmplices de erros que em nada contribuem para a formação deles. Nunca custa lembrar: a função do pai não é ser amigo e confidente - para isso, os adolescentes têm suas turmas. Papel de pai é ser pai.<>

 

 

Reportagem adaptada, publicada na revista Veja em 18 de fevereiro de 2004.

 

 


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